quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Relato de amamentação


Eu já tinha publicado isso nas notas do fb mas só compartilhei com as amigas grávidas. Agora compartilho por aqui também...

Quando a gente está grávida tudo é lindo, tudo é novo e a gente sonha com aquela imagem linda da mãe amamentando um bebê com ambos sorridentes e o sol brilhando, os passarinhos cantando...

Eu (até agora em cinco meses de amamentação exclusiva) posso dizer que sim: essa imagem pode ser real mas nem sempre tudo é tão fácil como nos cartazes da OMS... vou dividir com vcs minha história até agora...

Giovanna quando nasceu foi colocada no meu peito. Ela não sabia fazer "a pega" perfeitamente (mas pegava razoavelmente bem) e foi machucando o bico dos meus seios direto. Antes de continuar contando... meu colostro desceu já logo após o parto (PN desce mais rápido) e nos dois dias que ela estava no quarto conosco eu achava que ela só estava mamando colostro mas no dia do engasgo o que foi aspirado dela foi leite mesmo (confirmado pela pediatra dela que estava no hospital e fez o atendimento do engasgo), ou seja, no segundo dia eu já tinha leite em abundância de ficar com seios ingurgitados e doloridos pra caramba (e era leite). Mas isso era o esperado... Enquanto ela estava no quarto ela mamava a cada duas horas mais ou menos. 

Pra quem ainda não sabe (mas acho que todo mundo já sabe) ela foi pra UTI na noite do segundo dia de vida por conta do engasgo que mencionei acima. Na uti não se mama em livre demanda. Lá é regrado, 3 em 3 horas (ou 2 em 2 ou mesmo de 1 em 1 se for prematuro conforme orientações dos pediatras). Nos dias em que eu ainda estava internada (consegui dois dias a mais de internação que o normal) eu ia em todas as mamadas, incluindo as da madrugada. Ela mamava e ficava super bem por 3 horas. Depois disso quando recebi alta eu ia e passava os dias no hospital e dava as mamadas de 9hs, 12h, 15h e 18h. Nas outras ela tomava NAN HA 75ml (recomendado pela pediatra pra substituir as mamadas em que não estava - e eu odiava ter que dar fórmula mas o que eu podia fazer??? - e só um dia foi no copinho. Nos outros em mamadeira mesmo). Não tive opção pois eu estava de alta no hospital e precisava vir em casa dormir. Então ela tomou LA desde o terceiro dia de vida. Claro que eu morri de medo de ela desmamar por mamar na mamadeira mas nào aconteceu. Ela mamava o peito durante o dia e a mamadeira de noite (e chupava chupeta também).

E aí começaram meus problemas:

Com ela na UTI eu tive ingurgitamento nos seios nos primeiros dois dias (muuuuito). Pq eu não ordenhava já que no hospital tu não pode levar o leite ordenhado em casa e fazer a ordenha lá era super concorrido e nunca achei horário (todas as maes ordenhavam e quando tinha horário eu estava tào cansada que só queria vir em casa dormir). Aí eu sofri um pouco com as dores mas fazia a ordenha manual em casa durante o banho e achei que ia passar. E passou. Mas… fomos ao outro extremo...

Ela ficou 9 dias na UTI e a partir do terceiro dia meu leite diminuiu muuuito (meus peitos não enchiam mais). Segundo as enfermeiras era o estresse do ambiente hospitalar, UTI, cansaço de passar o dia desconfortável no hospital e preocupada. Tiveram que começar com o NAN de dia também como complemento das mamadas em que eu estava presente pois Gigi chorava de fome. Era desesperador pra mim!!!
O resto dos 9 dias de UTI foram assim… eu ia e dava peito mas não era suficiente… tinha que ter o NAN de complemento na maioria das mamadas. E denovo: o que eu podia fazer??? Ela não mamava LD pra estabelecer produção, ela nào mamava em mim na madrugada e eu estava estressada mesmo...

Ainda assim eu achava a melhor hora do dia pois era qdo eu podia tirá-la da incubadora por poucos momentos durante os dias. Nos primeiros dias (qdo eu tinha bastante leite) ela ficava mais de hora no peito - ora mamando, ora chupeitando. As outras mães da UTI davam o peito e os bebes levavam no máximo 10 minutos pra terminar de mamar. Giovanna levava mais de hora (ou as vezes 40 minutos). Era o nosso momento juntas e o momento que eu mais gostava.

Depois quando o leite foi diminuindo acho que entrei num círculo vicioso pois ficava tão nervosa que no fim eu não conseguia deixá-la nem 5 minutos no peito que ela já reclamava e eu me estressava. Ainda assim eu tentava mas tinha que usar intermediário (aquele protetor de silicone) pois ela machucava meu seio no desespero de sugar…

Aí a Gi recebeu alta e viemos pra casa. Achei que em casa tudo iria mudar pois nao tinha mais as preocupações da UTI e luvas e aventais (ideixo aqui bem claro que a UTI é um lugar onde as pessoas amam o que fazem e Giovanna, eu e Tiago fomos muito bem tratados todo o tempo) e etc…
Bom… em casa o começo foi bom. O peito cicatrizou e tal e o leite foi voltando aos poucos. Até chegou a empedrar (denovo!).

Uns 3 dias depois recomeçaram os problemas. Eu tava com tanto leite que ela começou a engasgar nas mamadas e eu usei o intermediário para evitar engasgos. Cortei o NAN pois notei que ela ficava satisfeita só com o peito mesmo (aos 20 dias de vida ela já não mamava complemento). Saí do esquema regrado da UTI (3 em 3 horas) e passei a dar em livre demanda.

E mais uma rodada de problemas:

Ela ia mamar e reclamava, resmungava e chorava. Ficava "procurando", pegando e largando o seio deseperada, chupetando. Mesmo estando com fome. Eu apertava meus seios e tinha leite mas mesmo assim ela ficava mto nervosa.

Aí meu leite voltou a diminuir pois eu fui ficando nervosa por conta de tudo isso. Depois de um tempo conversando com a pediatra descobri que era por conta da azia que a Gi sentia. Ela não tem refluxo patológico (doença) mas tem o refluxo fisiológico normal de todos os bebês. Aí concluímos que íamos tentar um anti-ácido pra ver se Gi se comportava melhor. Aí ela passou a mamar bem novamente e com um pouco de insistência da minha parte e eu consegui amamentar exclusivamente ao peito (isso com uns 20 dias de vida). Minhas amigas já com filhos me falaram que botar o bebe pra sugar e o que fazia o leite descer então fui fazendo isso. Botava ela pra mamar a cada pouco tempo e deixava ela ficar sugando mesmo que não tivesse tanto leite e ela brigasse um pouco.

E tentei adotar a livre demanda. Mas Giovanna veio regradinha dos 9 dias de UTI e, portanto, ela demandava a cada 2hrs e 1/2 ou 3h (mas eu não cuidava o tempo das mamadas em duração – tipo: não limitava). Mas o problema da livre demanda é que Giovanna passou a mamar mais do que podia aguentar e passou a regurgitar demaaais. Demais mesmo (meeeeesmo).

A pediatra tinha me aconselhado a acordá-la a cada 3hrs pra mamar (se ela não demandasse por conta própria) a contar da hora de começo da última mamada. Pensem comigo: 1h e 1/2 mamando + 20 minutos de pé pra arrotar (eu sempre quis colocá-la por 20 min mesmo que arrotasse antes – por conta do tal refluxo fisiológico). Mais o tempo pra ela voltar a dormir (pois um RN precisa dormir). Eu levava 2h com tudo as vezes mais (com a troca de fraldas). Ela dormia 20 minutos e eu já tinha que acordar – nisso ela se irritava demais e não dormia mais mesmo, chorava e ficava chatinha e até pra mamar brigava e eu passava os dias inteiros vendo ela chorar incomodada. Ela ganhava peso bem (sempre ganhou cerca de 1/2kg ou mais a cada 15 dias) mas eu não fazia mais nada da vida. Nos 20 minutos em que ela dormia não dava pra eu dormir – eu mal comia ou ia ao banheiro. E não estava funcionando, obvimente. Até pq Gi “chupeitava” muuuito e se eu tirasse era um escândalo.

Aí a pediatra disse pra deixá-la no máximo 40 minutos mamando (senão ela chegava a ficar 2 horas as vezes) e adotar o esquema 3h em 3h - ou seja: abolir a livre demanda e controlar intervalos e tempo das mamadas. Mas ela ainda chorava muito após mamar. E eu comecei a entrar na neura de que ela chorava de fome... mas ela continuava ganhando peso bem e a pediatra me dizia que não era fome e que eram cólica e gases. Que se ela estava ganhando peso daquele jeito não podia ser fome.

Mas vou resumir: ela era um bebe que chorava o dia inteiro todos os dias. Eu achava que era fome e deixava mais que os 40 minutos recomendados pela pediatra (e aí eu me arrependo). E ela continuava regurgitando e não dormindo nada quase ou dormindo agitada... e eu continuava exausta – e quanto mais exausta eu ficava eu notava que o leite diminuía. Mas eu continuava só dando peito. E fui ficando nessa vida por dois meses mais ou menos.

Mas um belo dia o comportamento da Giovanna mudou de um dia pro outro (com cerca de dois meses e 7 dias). Ela parou de chorar todos os dias o dia inteiro. E passou a mamar e dormir bem até durante o dia. E eu descobri que era o fim das cólicas. Eram as cólicas que deixavam Giovanna tão chorosa e estressada. Ela teve realmente MUITA cólica. Era um choro constante e desesperador.

E depois do fim das cólicas eu relaxei! Eu adotei novamente a livre demanda aconselhada pela pediatra. Ela permaneceu pedindo a cada 2h e 1/2 ou 3h até o finalzinho dos 3 meses. E o tempo de mamadas passou a variar entre 25 e 30 minutos (não mais a hora e meia de antes). 

Daí com 4 meses ela passou a fazer firula pra mamar… duas sugadas e se jogava pra trás. Dava risada… minha ped disse que um bebe de 4 meses se distrai muito com o que tem ao redor e esquece de mamar. Comecei a amamentar sozinha com ela no quarto. Sem música, sem tv, sem conversa, sem nada. Completo silêncio! Aí ela também diminuiu o tempo de mamadas. Ao invés dos 20 minutos passou a mamar em (pasmem) 5 minutos. No máááximo 10. Quando com muita fome 15. Não mais do que isso. Ela mama bem 5 minutos e começa a firula. E espaçou o tempo entre mamadas pra qquer coisa entre 3:30h e 4h. Se eu ofereço antes ela chora, empurra o peito e faz escândalo. Vomita.

Fiquei preocupada. Levei denovo na pediatra e ela ganhou 745g em 1 mês. Ou seja, ela está mamando o suficiente não sei como em 5 minutos (e me pergunto: como????). Falta de leite não é porque eu tiro 150-180ml toda manhã para doar depois dela mamar.  Segundo a pediatra ela está mais eficiente (mas eu me pergunto: tão eficiente assim?). A pediatra disse que enquanto ganhar peso bem está tudo ok. E vamos mantendo somente amamentação exclusiva por enquanto (ela está com 5 meses e 4 dias).

Para os 6 meses a pediatra já passou o esquema: uns 10 dias antes dos 6 meses vamos inserir frutas: mamão, maçã e banana e também sucos de mamão e laranja do céu. Vamos oferecer entre as mamadas. No resto do tempo amamentação continuará em LD.


Enfim… amamentar é um ato de amor, não é fácil, é doação completa. Eu parabenizo as mães que o fazem (ou que tentam fazer) seja pelo tempo que for (1 dia, 20 dias, 1 mês, 3 meses, 6 meses, 1 ano, 2 anos). Não importa. Cada realidade é uma realidade e todas as mães que eu conheço fizeram de tudo pra amamentar seus bebês. Eu, particulrmente, admiro as mães que não conseguiram que eu conheço pois sei que todas adorariam tê-lo feito se as circunstâncias fossem outras.

Um beijo a todos







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