quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Carta para Giovanna - 6 meses


Querida Giovanna,

Começo essa cartinha muito feliz pois estamos comemorando meio ano de muita felicidade ao seu lado. Você está completando 6 meses, ou seja, hoje celebramos seu "meioversário".  Eu e papai estamos muito muito felizes!

E olha filha... é impressionante como muita coisa acontece no pequeno espaço de 1 mês... quer um exemplo? você descobriu os barulhos. Um belo dia eu e seu pai estávamos brincando com você quando você começou a sacudir os seus brinquedos para ouvir o som. O mais engraçado é que você chacoalha os brinquedos forte e bate em quem estiver por perto. Eu, por exemplo, já levei um dragãozinho verde na cabeça e seu pai um chocalho de bolinhas... Mas é muito legal ver como você se interessa pelos barulhos e prefere os brinquedos barulhentos pra poder sacudir um pouco antes de colocar na boca!

E você continua fascinada pelos pés. Já coloca os pés na boca. Mas definitivamente você detesta usar sapatos. Faz de tudo para tirar... Esfrega os pés, puxa, bate... Odeia as meias. Odeia cobertas tapando seus pés... E eu me pego pensando que vai chegar o dia em que voce vai querer ter muitos sapatos e aí vai ler essa cartinha e ver que nem sempre foi assim. :)

E você aprendeu a sentar. Já sabe até dar impulso pra frente quando está sentada pra pegar um brinquedo e se sustenta pra voltar pra posição correta quando alcança o brinquedo.

E, embora não tenha nenhum interesse em rolar (e começo a crer que você vai pular essa etapa), já se vira de barriga pra cima quando te colocamos de bruços. Mas você ainda nào gosta muito de ficar de bruços. E você, quando de bruços em uma superfície firme, aprendeu a se arrastar pra alcançar os brinquedos. Ë bem engraçado filha… você bota o bumbum lá pra cima apoiado nas pernas e se arrasta. Não posso dizer que você tenta engatinhar. Você meio que se minhoca até o ponto que quer ir. Uma graça!

Mas sabe pipoca... as mudanças mais marcantes desse mês são outras. Pra começar no quesito da fala: você está emitindo sons bem mais complexos.. Já soltou sílabas isoladas tentando imitar o que dizemos. Até agora consegue dizer os já tradicionais "gá" e "gu" (que você já fazia) e mais outros tantos sons novos: "bu", "ba", "gui", "gue", "bé", "au", "ai". Também vibra a língua e consegue fazer uns "grrrr" e "blllll" bem gostosinhos de ouvir. 

Faz "cuspe" com a boca soprando baba e tenta imitar as pessoas. Quando botamos a língua você faz o mesmo. Quando falamos sílabas bem devagar você presta atenção e tenta imitar com a boca (muito embora ainda não consiga reproduzir a maioria dos sons).  E aprendeu a fazer "polenta" na gente (e faz bem direitinho)

Filha querida.. Você também anda extremamente curiosa. Tudo quer pegar, tudo quer ver e conhecer. Pra mamar eu preciso ficar sozinha com você num ambiente. Se tiver TV ligada ou pessoas conversando você precisa se virar pra ver. Parece que não pode perder nada de nada. Mas isso não é ruim filha. Pelo contrário: é muito natural já que você está crescendo e aprendendo a cada dia. Enquanto está mamando fica puxando a minha correntinha (daqui uns dias vou ter que tirar). Ou fica procurando algo pra fuçar com os pés. Aliás… puxar é contigo mesmo, né filhota? Cabelos são seus favoritos (e eu tenho que estar SEMPRE com eles presos). Depois tem os meus brincos (já estou andando sem), suas roupas… no trocador tem que puxar a fralda, roubar a bisnaga da pomada… não pode ver nada que já quer puxar...

Como já mostrava sinais de estar pronta pra comer a pediatra pediu para começarmos no suco de laranja e na fruta semana passada. E você adorou tudo desde o primeiro dia! Nem cara feia fez! Direto já comeu meia banana e tomou todo o suco de uma laranja. Mamão parece ser o seu favorito por enquanto. Adorou (e eu tive ciúmes de uma fatia de mamão sabia filha?). Por enquanto esses foram os únicos sabores novos que você provou. Vamos ver como se segue essa sua exploração do mundo dos sabores. (Vai começar com sopa de carne, arroz, batata e cenoura no almoço daqui três dias). Toma suco no copo de treinamento ou na mamadeira e já consegue tomar com ambos sozinha - a gente só precisa entregar a mamadeira ou o copo na mão e você sabe bem o que fazer com eles ;D


Passou seu primeiro ano novo e não teve medo dos fogos. Simplesmente dormiu. Tomou banho de piscina "toda-toda" com biquini e curtiu demais (e tem sido assim direto agora no calor). Anda amando brincar de esconder (cadê mamãe, cadê papai). Adora quando cantamos o "parabéns pra você" e tenta bater palmas (mas ainda não consegue). Ama a música do "sapo não lava o pé". Está aprendendo a fazer beijinho.  Já usa os dedos pra fazer pinça bem direitinho e consegue pegar objetos. 

Pegou uma mania que mamãe odeia muito… quer dormir com o paninho. Aos poucos estou tirando essa sua mania pois você não precisa disso, filha! Afinal, dormir com paninho é perigoso. Perdeu muito da sua necessidade de sucção não nutritiva pois já não pede mais a chupeta de dia. Agora só a quer para dormir. 

Seus olhos são sua característica mais marcante. Continuam azuis meio acinzentados. E você continua bem loirinha. Você está com 71cm e 8.350g. 

E quer saber uma coisa muito linda que você faz? Quando papai chega do trabalho você parece que vai sair voando… bate os bracinhos e as pernas com muita força pra chamar atenção. E nem preciso te contar, né? Teu papai fica um baita bobalhão!

"T'es notre plus beau des cadeaux"


Te amo!
Mamãe Michelle
30/01/2013

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Post resposta: "De onde surgiu a ideia de escrever cartas pra Giovanna?"

Olá leitores (se é que alguém realmente acessa isso aqui)

Bom, que acessa eu sei pois recebi a mesma pergunta de 3 pessoas já: "De onde surgiu a ideia de escrever cartas pra tua filha ler no futuro?"

Pois vamos lá:

Eu sempre amei ler e escrever. Sempre. Desde pequenininha. Quando eu fiquei grávida automaticamente pensei: "Puxa… seria muito legal poder deixar registrado pra esse bebe ler no futuro como é amado, como é querido, como tudo está sendo planejado para a sua chegada.". Então eu comecei um diário.

Inicialmente eu fazia um "diário guiado" (aqui não muito popular - mas nos USA é comum se fazer guided journals). Ganhei de uma boa amiga (de quem eu tenho muita saudade meeeesmo) um diário guiado em inglês que dava pra preencher a cada mês de gravidez como eu estava me sentindo, tamanho e peso do feto, fotos de ecografias, etc etc… e eu comecei a preencher o diário mas… um detalhe: em inglês (pois o diário tinha as perguntas em inglês e eu escrevo bem melhor em inglês do que em português atualmente - coisas da tese e do doutorado)

Aí, eu pensei: e se minha filha resolver que não quer ler por estar em inglês? Daí comprei um caderninho bonitinho e fofo e comecei a escrever em português a mesma coisa. E fiz o caderninho tipo aquelas agendas antigas de adolescente, lembram? Guardando papelzinho, enfeitando com adesivo… (claro, sem exageros, porque é pra fechar sem grande esforço).

Mas eu não estava muito contente pois queria algo ainda diferente pra ela ter no futuro. Aí eu tive a ideia das "cartas para Giovanna". (e também porque depois que ela nasceu eu não tinha o mesmo tempo disponível para escrever a cada descoberta dela… resultou que eu estava começando a deixar muita coisa rascunhada pra escrever depois e acabava não escrevendo.)

Então passei a fazer resumos do crescimento dela através de cartas. Como se eu estivesse contando a ela o que ela faz e como ela se desenvolve. E as cartas (algumas publicadas aqui no blog) eu escrevo todas fru-fru mesmo. Com desenhos, com colorido… escrevo a carta em um papel e colo no diário. Todo mês, religiosamente. Eu apenas espero a consulta do mês com a pediatra pra ter peso e altura dela e depois escrevo. Achei fofo.
Mas confesso: a ideia por trás das cartas resumidas é, no futuro, pegar cada uma das cartas e fazer e uma página de scrap com as fotos acompanhando e colocar num livro mesmo. Pra presenteá-la quando ela for maior (não sei exatamente quando).

Dessa forma meu registro pra ela não é somente virtual como alguns pensam. Eu escrevo as cartas para Gi no papel e depois passo pro blog. E ainda mantenho o diário dela onde anoto coisas em mais detalhes: ex: como é a casa que ela mora, como estava o mundo no dia que ela nasceu (reportagens importantes), como foi o parto, como foi o tempo dela na UTI, como eu me sinto em relação a alguns temas e como a sociedade os vê atualmente (amamentação, etc).

E escrevo tudo mesmo. Sem mascarar sentimentos. O que quero dizer é que não floreio escondendo momentos um pouco menos bons (como a parte do blues puerperal que toda mulher vive em maior ou menor grau). Eu explico a razão dos sentimentos.

Um dia, quando eu tiver mais tempo e mais criatividade e experiência, farei as cartas virarem lindas páginas de scrap (físico ou virtual) que vou imprimir e guardar em forma de livro. Minhas amigas feras em scrap vão ter que me dar aulinhas, viu?).

Então essas cartas que divulgo são só um pouco do que Gi terá de registro. E porque eu as divulgo? Porque acho muito legal esse tipo de "presente" para o filho. Divulgo para inspirar minha amigas mamaes-to-be. Se eu vou divulgar pra sempre? Provavelmente não.  Essas primeiras estou divulgando mas a cada dia sinto mais que essas cartas devem ser um momento SÓ meu e dela. Então quando eu achar que não devo mais divulgar pararei. Simples assim.

Respondido?

Beijinhos




quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Relato de amamentação


Eu já tinha publicado isso nas notas do fb mas só compartilhei com as amigas grávidas. Agora compartilho por aqui também...

Quando a gente está grávida tudo é lindo, tudo é novo e a gente sonha com aquela imagem linda da mãe amamentando um bebê com ambos sorridentes e o sol brilhando, os passarinhos cantando...

Eu (até agora em cinco meses de amamentação exclusiva) posso dizer que sim: essa imagem pode ser real mas nem sempre tudo é tão fácil como nos cartazes da OMS... vou dividir com vcs minha história até agora...

Giovanna quando nasceu foi colocada no meu peito. Ela não sabia fazer "a pega" perfeitamente (mas pegava razoavelmente bem) e foi machucando o bico dos meus seios direto. Antes de continuar contando... meu colostro desceu já logo após o parto (PN desce mais rápido) e nos dois dias que ela estava no quarto conosco eu achava que ela só estava mamando colostro mas no dia do engasgo o que foi aspirado dela foi leite mesmo (confirmado pela pediatra dela que estava no hospital e fez o atendimento do engasgo), ou seja, no segundo dia eu já tinha leite em abundância de ficar com seios ingurgitados e doloridos pra caramba (e era leite). Mas isso era o esperado... Enquanto ela estava no quarto ela mamava a cada duas horas mais ou menos. 

Pra quem ainda não sabe (mas acho que todo mundo já sabe) ela foi pra UTI na noite do segundo dia de vida por conta do engasgo que mencionei acima. Na uti não se mama em livre demanda. Lá é regrado, 3 em 3 horas (ou 2 em 2 ou mesmo de 1 em 1 se for prematuro conforme orientações dos pediatras). Nos dias em que eu ainda estava internada (consegui dois dias a mais de internação que o normal) eu ia em todas as mamadas, incluindo as da madrugada. Ela mamava e ficava super bem por 3 horas. Depois disso quando recebi alta eu ia e passava os dias no hospital e dava as mamadas de 9hs, 12h, 15h e 18h. Nas outras ela tomava NAN HA 75ml (recomendado pela pediatra pra substituir as mamadas em que não estava - e eu odiava ter que dar fórmula mas o que eu podia fazer??? - e só um dia foi no copinho. Nos outros em mamadeira mesmo). Não tive opção pois eu estava de alta no hospital e precisava vir em casa dormir. Então ela tomou LA desde o terceiro dia de vida. Claro que eu morri de medo de ela desmamar por mamar na mamadeira mas nào aconteceu. Ela mamava o peito durante o dia e a mamadeira de noite (e chupava chupeta também).

E aí começaram meus problemas:

Com ela na UTI eu tive ingurgitamento nos seios nos primeiros dois dias (muuuuito). Pq eu não ordenhava já que no hospital tu não pode levar o leite ordenhado em casa e fazer a ordenha lá era super concorrido e nunca achei horário (todas as maes ordenhavam e quando tinha horário eu estava tào cansada que só queria vir em casa dormir). Aí eu sofri um pouco com as dores mas fazia a ordenha manual em casa durante o banho e achei que ia passar. E passou. Mas… fomos ao outro extremo...

Ela ficou 9 dias na UTI e a partir do terceiro dia meu leite diminuiu muuuito (meus peitos não enchiam mais). Segundo as enfermeiras era o estresse do ambiente hospitalar, UTI, cansaço de passar o dia desconfortável no hospital e preocupada. Tiveram que começar com o NAN de dia também como complemento das mamadas em que eu estava presente pois Gigi chorava de fome. Era desesperador pra mim!!!
O resto dos 9 dias de UTI foram assim… eu ia e dava peito mas não era suficiente… tinha que ter o NAN de complemento na maioria das mamadas. E denovo: o que eu podia fazer??? Ela não mamava LD pra estabelecer produção, ela nào mamava em mim na madrugada e eu estava estressada mesmo...

Ainda assim eu achava a melhor hora do dia pois era qdo eu podia tirá-la da incubadora por poucos momentos durante os dias. Nos primeiros dias (qdo eu tinha bastante leite) ela ficava mais de hora no peito - ora mamando, ora chupeitando. As outras mães da UTI davam o peito e os bebes levavam no máximo 10 minutos pra terminar de mamar. Giovanna levava mais de hora (ou as vezes 40 minutos). Era o nosso momento juntas e o momento que eu mais gostava.

Depois quando o leite foi diminuindo acho que entrei num círculo vicioso pois ficava tão nervosa que no fim eu não conseguia deixá-la nem 5 minutos no peito que ela já reclamava e eu me estressava. Ainda assim eu tentava mas tinha que usar intermediário (aquele protetor de silicone) pois ela machucava meu seio no desespero de sugar…

Aí a Gi recebeu alta e viemos pra casa. Achei que em casa tudo iria mudar pois nao tinha mais as preocupações da UTI e luvas e aventais (ideixo aqui bem claro que a UTI é um lugar onde as pessoas amam o que fazem e Giovanna, eu e Tiago fomos muito bem tratados todo o tempo) e etc…
Bom… em casa o começo foi bom. O peito cicatrizou e tal e o leite foi voltando aos poucos. Até chegou a empedrar (denovo!).

Uns 3 dias depois recomeçaram os problemas. Eu tava com tanto leite que ela começou a engasgar nas mamadas e eu usei o intermediário para evitar engasgos. Cortei o NAN pois notei que ela ficava satisfeita só com o peito mesmo (aos 20 dias de vida ela já não mamava complemento). Saí do esquema regrado da UTI (3 em 3 horas) e passei a dar em livre demanda.

E mais uma rodada de problemas:

Ela ia mamar e reclamava, resmungava e chorava. Ficava "procurando", pegando e largando o seio deseperada, chupetando. Mesmo estando com fome. Eu apertava meus seios e tinha leite mas mesmo assim ela ficava mto nervosa.

Aí meu leite voltou a diminuir pois eu fui ficando nervosa por conta de tudo isso. Depois de um tempo conversando com a pediatra descobri que era por conta da azia que a Gi sentia. Ela não tem refluxo patológico (doença) mas tem o refluxo fisiológico normal de todos os bebês. Aí concluímos que íamos tentar um anti-ácido pra ver se Gi se comportava melhor. Aí ela passou a mamar bem novamente e com um pouco de insistência da minha parte e eu consegui amamentar exclusivamente ao peito (isso com uns 20 dias de vida). Minhas amigas já com filhos me falaram que botar o bebe pra sugar e o que fazia o leite descer então fui fazendo isso. Botava ela pra mamar a cada pouco tempo e deixava ela ficar sugando mesmo que não tivesse tanto leite e ela brigasse um pouco.

E tentei adotar a livre demanda. Mas Giovanna veio regradinha dos 9 dias de UTI e, portanto, ela demandava a cada 2hrs e 1/2 ou 3h (mas eu não cuidava o tempo das mamadas em duração – tipo: não limitava). Mas o problema da livre demanda é que Giovanna passou a mamar mais do que podia aguentar e passou a regurgitar demaaais. Demais mesmo (meeeeesmo).

A pediatra tinha me aconselhado a acordá-la a cada 3hrs pra mamar (se ela não demandasse por conta própria) a contar da hora de começo da última mamada. Pensem comigo: 1h e 1/2 mamando + 20 minutos de pé pra arrotar (eu sempre quis colocá-la por 20 min mesmo que arrotasse antes – por conta do tal refluxo fisiológico). Mais o tempo pra ela voltar a dormir (pois um RN precisa dormir). Eu levava 2h com tudo as vezes mais (com a troca de fraldas). Ela dormia 20 minutos e eu já tinha que acordar – nisso ela se irritava demais e não dormia mais mesmo, chorava e ficava chatinha e até pra mamar brigava e eu passava os dias inteiros vendo ela chorar incomodada. Ela ganhava peso bem (sempre ganhou cerca de 1/2kg ou mais a cada 15 dias) mas eu não fazia mais nada da vida. Nos 20 minutos em que ela dormia não dava pra eu dormir – eu mal comia ou ia ao banheiro. E não estava funcionando, obvimente. Até pq Gi “chupeitava” muuuito e se eu tirasse era um escândalo.

Aí a pediatra disse pra deixá-la no máximo 40 minutos mamando (senão ela chegava a ficar 2 horas as vezes) e adotar o esquema 3h em 3h - ou seja: abolir a livre demanda e controlar intervalos e tempo das mamadas. Mas ela ainda chorava muito após mamar. E eu comecei a entrar na neura de que ela chorava de fome... mas ela continuava ganhando peso bem e a pediatra me dizia que não era fome e que eram cólica e gases. Que se ela estava ganhando peso daquele jeito não podia ser fome.

Mas vou resumir: ela era um bebe que chorava o dia inteiro todos os dias. Eu achava que era fome e deixava mais que os 40 minutos recomendados pela pediatra (e aí eu me arrependo). E ela continuava regurgitando e não dormindo nada quase ou dormindo agitada... e eu continuava exausta – e quanto mais exausta eu ficava eu notava que o leite diminuía. Mas eu continuava só dando peito. E fui ficando nessa vida por dois meses mais ou menos.

Mas um belo dia o comportamento da Giovanna mudou de um dia pro outro (com cerca de dois meses e 7 dias). Ela parou de chorar todos os dias o dia inteiro. E passou a mamar e dormir bem até durante o dia. E eu descobri que era o fim das cólicas. Eram as cólicas que deixavam Giovanna tão chorosa e estressada. Ela teve realmente MUITA cólica. Era um choro constante e desesperador.

E depois do fim das cólicas eu relaxei! Eu adotei novamente a livre demanda aconselhada pela pediatra. Ela permaneceu pedindo a cada 2h e 1/2 ou 3h até o finalzinho dos 3 meses. E o tempo de mamadas passou a variar entre 25 e 30 minutos (não mais a hora e meia de antes). 

Daí com 4 meses ela passou a fazer firula pra mamar… duas sugadas e se jogava pra trás. Dava risada… minha ped disse que um bebe de 4 meses se distrai muito com o que tem ao redor e esquece de mamar. Comecei a amamentar sozinha com ela no quarto. Sem música, sem tv, sem conversa, sem nada. Completo silêncio! Aí ela também diminuiu o tempo de mamadas. Ao invés dos 20 minutos passou a mamar em (pasmem) 5 minutos. No máááximo 10. Quando com muita fome 15. Não mais do que isso. Ela mama bem 5 minutos e começa a firula. E espaçou o tempo entre mamadas pra qquer coisa entre 3:30h e 4h. Se eu ofereço antes ela chora, empurra o peito e faz escândalo. Vomita.

Fiquei preocupada. Levei denovo na pediatra e ela ganhou 745g em 1 mês. Ou seja, ela está mamando o suficiente não sei como em 5 minutos (e me pergunto: como????). Falta de leite não é porque eu tiro 150-180ml toda manhã para doar depois dela mamar.  Segundo a pediatra ela está mais eficiente (mas eu me pergunto: tão eficiente assim?). A pediatra disse que enquanto ganhar peso bem está tudo ok. E vamos mantendo somente amamentação exclusiva por enquanto (ela está com 5 meses e 4 dias).

Para os 6 meses a pediatra já passou o esquema: uns 10 dias antes dos 6 meses vamos inserir frutas: mamão, maçã e banana e também sucos de mamão e laranja do céu. Vamos oferecer entre as mamadas. No resto do tempo amamentação continuará em LD.


Enfim… amamentar é um ato de amor, não é fácil, é doação completa. Eu parabenizo as mães que o fazem (ou que tentam fazer) seja pelo tempo que for (1 dia, 20 dias, 1 mês, 3 meses, 6 meses, 1 ano, 2 anos). Não importa. Cada realidade é uma realidade e todas as mães que eu conheço fizeram de tudo pra amamentar seus bebês. Eu, particulrmente, admiro as mães que não conseguiram que eu conheço pois sei que todas adorariam tê-lo feito se as circunstâncias fossem outras.

Um beijo a todos







Carta para Giovanna - 5 meses


Querida Giovanna,

Dia 30 de Dezembro você completou 5 meses de vida. Pois é… um mês já se passou desde a última carta que mamãe escreveu pra você. E foi um mês recheado de acontecimentos. Pra começar: dia 30 você fez mesversário e completou 5 meses e dia 31 o ano de 2012 terminou e começou o de 2013. E, nesse dia de virada do ano, todas as (talvez eu deva dizer "a maioria das") famílias no mundo todo fazem festa pra comemorar um novo ciclo que se inicia com novas oportunidades.

Mas sabe pipoca? Pra mim e para seu pai o dia 30 foi mais importante que o dia 31. Claro, comemoramos junto com todo mundo mas o ano de 2012 (esse que terminou) foi um ano de deixar saudades. Afinal, foi o ano em que você deixou de morar na barriga da mamãe e veio pro lado de fora curtir essa coisa louca que se chama vida "fora do útero". E nós só temos a agradecer por isso. 

Quando você morava na barriga da mamãe era uma delícia. Mamãe podia sentir os chutes e ouvir o coração e saber que eu e você tínhamos uma ligação única onde poucos podiam interferir. Agora ainda temos uma ligação única (e é uma delícia de um modo diferente) mas eu tenho que te dividir com muita gente. E eu confesso: queria você só pra mim o tempo todo. 

E durante o mês que passou você cresceu mais um pouquinho. No começo do mês tivemos uns probleminhas na amamentação que deixaram mamãe louca. Você resolveu que queria mamar em apenas 8 minutos (as vezes apenas 5 minutos). E que queria mamar a cada 4 horas (ou 3horas e meia)  e não mais a cada 2h e meia… mamãe ficou maluca pensando que você estava doente ou se alimentando mal.  É, filha, o momento do desmame acho que será mais sofrido pra mim do que pra você.  Sabe o motivo? Esse ainda é o nosso momento só meu e seu. E mais ninguém deve interferir. É onde eu me lembro dos dias na incubadora onde só podíamos te tirar dela pra amamentar e arrotar. E íamos pra casa dormir sem você conosco. Acho que meu psicológico ainda precisa desse momento só nosso… 

Tia Simone (tua pediatra) ficou acompanhando de pertinho quando contei tudo isso pra ela meio que chorando as pitangas. Na consulta dos 5 meses (que aconteceu hoje com 5 meses e 4 dias), você estava pesando 7.920g e medindo 68cm. Isso significa que você cresceu 2cm e engordou 745g desde o último mês. Tudo correndo perfeitamente bem para alívio da sua mamãe maluca! Continua mamando exclusivamente leite materno mas a grande mudança é que passou a ter interesse na comida dos adultos. Sim... agora você quer sentar no colo e faz manha até que a gente te dê uma colherzinha pra você brincar de comer. Mas calma filha... a pediatra ja passou a dieta para os 6 meses que começaremos depois do dia 20 desse mês - quando faltar uns 10 dias pro mesversário de 6 meses.

Fora isso muita coisa legal aconteceu nesse mês. Você curtiu seu primeiro Natal e conheceu o Papai Noel. Não teve medo! No começo do mês você também conheceu a praia e molhou os pézinhos na água. A mamãe estava com medo que você ia se assustar com o mar e chorar... mas não. Você parece ter gostado. Não sei se você entendeu direito o que estava acontecendo e porque seus pés estavam ali naquela água fria com espuminha e bichinhos (chatos) de areia… mas você ficou ali com os pés na água olhando tudo em volta.

Falando em pés… você descobriu seus pés… você já fazia pinça com eles pra pegar brinquedos pendurados e os usava para brincar e tirar o lençol durante a noite. Mas foi só no decorrer desse mês que você aprendeu a segurar seus pés e ficar admirando. Já quis colocá-los na boca (mas ainda não conseguiu). É uma fofura quando você agarra os pés. Mamãe e papai adoram ficar olhando! Pra você os pés são fascinantes!!! É incrível observar o desenvolvimento de sua consciência corporal. Uma delícia!!!

Você está bem durinha e quando te colocamos sentada sem apoio agüenta alguns segundinhos e depois cai pros lados. Eu acho que logo logo você já vai sentar sozinha. Ainda não demonstrou interesse em rolar (para alivio da mamãe). Demonstra um certo interesse em ficar de pé - quando exercitamos puxar pelas mãos pra sentar você automaticamente tenta se forçar pra subir e ficar de pé. Quando de bruços você já sobe bastante apoiando os braços e até ensaia engatinhar (provavelmente não intencionalmente mas vai forçando as pernas pra pegar os brinquedos) mas se frustra rapidamente (abre o berreiro ou simplesmente deita depois de um tempo) pois ainda não me parece pronta pra isso. Paciência minha filha… se é isso que você quer fazer uma hora você consegue.

Já levanta os braços na nossa direção quando quer vir pro colo (mas só faz isso pra mamae e papai por enquanto). Quando quer mamar e vê a mamãe passando já se atira toda pro meu lado (se atira mesmo na direção do peito e nem quer saber). Já passa objetos de uma mão para outra.

Você chora pouco. Basicamente só chora quando tem fome, sono ou quando está superestimulada.  Se não te colocamos pra dormir logo que você demonstra sono aí você luta. Trava uma batalha contra o sono que demora 1 hora (ou mais) pra ser vencida. Também faz um chorinho quando se sente sozinha ou quando estranha as pessoas. É.. agora você começou a estranhar as pessoas e os lugares diferentes. Mas tudo bem filha. Isso é natural e esperado :) - continua querendo dormir deitada e não gosta da ideia de dormir no colo. Fora de casa a mamãe tem que se virar nos 30 quando você tem muito sono e nào tem onde te deitar.

E você passou a dormir sozinha no seu quartinho. E tem se comportado bem. Parece nem ter sentido a mudança.

Você também começou a aprender seu nome. Agora é só chamar e, em grande parte das vezes,  você vira. Seu nome, aliás, tem um significado muito bonito: "presente de Deus".  Mamae agora vai ensinar você a atender também pelo "pipoca" pois é assim que te chamo carinhosamente. 

Seus olhos ainda estão azuis e o cabelinho ainda claro. Já fez o primeiro corte de cabelo. Uma lindona! Ahhh, e você ainda gargalha só pra mamãe. Papai está ansioso pra que você gargalhe para ele também! Não deve demorar a acontecer. Mas o papai já fica todo bobo quando ele chega do trabalho e você bate as perninhas e bracinhos pedindo atenção. Fica toda sorrisos pra ele.

Vou fechando essa cartinha reafirmando o quanto eu e papai te amamos. Você é nosso solzinho! Nosso bebe d'amour! Muita coisa nova deve acontecer no decorrer do próximo mês… e a mamãe promete que fará outra cartinha contando tudinho. Amo muito escrever cartas pra você - espero que você um dia possa ler todas elas!

Com muito amor e muitos beijinhos,
Mamãe 
03/01/2013